Conta uma história que certa vez, ainda enquanto os judeus estavam na Babilônia, existiam na comunidade judaica dois grandes sábios: Rav Hillel e Rav Shammai. Um homem fez uma aposta de que conseguiria provocar os sábios. Primeiro bateu na porta de Shammai e pediu que ele resumisse a Torah enquanto ele ficava em uma perna só. Considerando o pedido uma heresia, Shammai o expulsou lhe dando supapos de reguada.
O homem foi fazer o mesmo com Hillel, que o ouviu de forma impassível e, enquanto o homem se colocava em uma perna só, disse: “Não faça aos outros aquilo que você não quer que façam a você. Eis Toda a Torah, o resto é comentário. Agora vai e pratica“.
A colocação foi considerada, na época, uma redução de todo o ensinamento da Torah e Hillel foi criticado por isso.
O ensinamento nos pede para que ao invés de reclamar que o outro erra e deixa de fazer algo para conosco, que nós possamos agir da forma que desejamos que ele faça. Esse exercício nos proporciona pelos menos duas descobertas. Primeiro, a possibilidade de descobrir que nossos pedidos ao outro são exagerados e nem nós mesmos conseguiríamos cumprir todas as nossas exigências. Essa é uma oportunidade também de nos colocarmos na posição do outro, segundo a sua experiência…
A segunda descoberta pode nos alçar à compaixão. Nos torna doadores ao invés de receptores, nos faz entrar na sintonia da irmandade e do dar sem ver a quem e sem esperar nada em troca. Fazemos simplesmente porque consideramos que é esta a vida que desejamos viver e nada mais coerente do que nós mesmos a realizarmos.
Assim, independente se os outros acreditam que é o melhor, independente se seremos recompensados, passamos a agir segundo o nosso coração e ideal. Fazemos porque gostaríamos que o mundo fosse exatamente desta forma.
Então, se desejamos ser recebidos com um sorriso, passemos a receber com um sorriso. Se desejamos que o outro seja disponível, solícito e bom, sejamos desta forma. Se desejamos o amor incondicional, independente do que venhamos a fazer, a esquecer, agredir, faltar, errar, que nós passemos, então, a amar.
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