O pensamento negativo é como um muro alto, tão alto, que nem vemos o céu. Tão comprido, que não vemos o fim. Parecemos confinados numa realidade inóspita, dura, fria e desoladora. Muitas vezes incapazes de ver qualquer bem, sofrendo com nosso próprio sentimento de vítima, drama e lamentação.
Esse aprisionamento, invariavelmente, será externado com dor, raiva e violência para com o mundo e os demais. Uma exteriorização ainda na sensação que o outro é um inimigo e seu movimento é uma agressão dirigida especialmente para nós.
Talvez o primeiro entendimento seja que a ação do outro quase nunca é dirigida para nós. Talvez seja bom pensar: não é pessoal! Aquilo que foi dito, feito ou escrito, não traduz um agressão endereçada. Essa percepção faz parte do muro negativo.
A negatividade tem um fluxo e precisamos nos dar conta desse fluxo para irmos na direção contrária. Há uma frase no livro “Um Mergulho no Tempo”, de minha mestra Tania Carvalho (@saatmaet), que, para mim, dá uma pista desse fluxo: “Fizeram-me guarda das vinhas, mas as que eram minhas, eu não guardei”.
Tomando essa frase como guia, eu diria que o fluxo negativo começa, talvez, em uma de suas formas, porque passamos a criticar os defeitos nos outros, o erro, o que está torto, a desarmonia, e, normalmente, o erro do outro nos provoca intensamente.
Dentro de um processo de consciência, essa “provocação” aponta para algo que está dentro de nós. Mas nos recusamos a olhar. Esquecemos de cuidar de nossas próprias vinhas, que assim vão se enchendo de pragas, ervas daninhas. Nos embebedamos com as uvas e acusamos os outros pelo nosso porre.
Esperamos que a mudança venha do externo. Somos capazes de dizer: “Só mudo se ele mudar!”. E se isso nunca acontecer?
Assim, condicionamos a vida num movimento que não está em nós. Aderimos à um fluxo negativo, onde contabilizamos o que é feito e o que não é feito, dito e não dito pelas outras pessoas.
Contabilizamos o amor numa matemática que vai aumentando o saldo negativo, até ele se tornar tão grande (o saldo negativo) que nos encerra dentro dele. É preciso chegar num ponto, e às vezes o muro intransponível é esse ponto, onde não suportamos mais, e desejamos largar esse formato.
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