O que vem a ser ensinar? Paulo Freire nos trouxe um método onde se busca ensinar algo a partir do universo que o próprio educando traz. É como se ele, aquele que deseja aprender, fosse construindo o seu saber, ou se dando conta de algo que estava dentro dele.
Na Kabalah o conceito é semelhante. Não se ensina, se ajuda, se conduz, para que aquele que busca possa acender uma luz que já existe. Talvez ela esteja apenas apagada, oculta dentro… É como se precisasse da fricção para vir à tona… Como quando se vai fazer fogo com duas madeiras, colocando uma contra a outra, é preciso girar em velocidade até que surja a chama. Talvez ela já estivesse ali, apenas estava oculta. Foi preciso bater, espremer, friccionar, até o limite, para que a chama viesse à tona e se fizesse luz.
Para mim, esse é o mesmo conceito de um escultor ao ver dentro de uma pedra a obra. Ela está lá, só precisa de ajuda para vir à tona. Minha mestra uma vez contou a história do Rabi Baal Shem Tov, o Mestre do Bom Nome. Ele dizia que num caminho espiritual há aqueles que olham os outros e veem um coração que precisa ser aceso.
Aqueles que enxergam o coração, ao invés do ego, são como os antigos acendedores de lampiões. Vão pela estrada, subindo escadas, se debruçando, se esticando, ajudando a acender um coração que já está, uma luz que já existe, apenas esqueceu que é luz, esqueceu sua natureza, esqueceu o que é. Só precisa lembrar e ao lembrar será possível ver a luz, e a luz ilumina a noite, clareia o caminho, tanto daquele que se permite iluminar, quanto de outros que estão longe. O coração vira uma estrela, um farol sinalizando a direção.
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