Todos nós temos uma fera interior que precisa ser dominada. Essa fera, esse ego, ou instinto, tentará de todas as maneiras sobrepor nossa vontade por uma transformação profunda da personalidade, à sua vontade. Invariavelmente, questionando: e como fica minha vida, meus desejos?
Fará chantagens, boicotes e armadilhas pelo caminho, enquanto buscamos a elevação, até reconhecer a Alma como uma hierarquia acima dele. Nós, enquanto egos, vamos defender a nossa vida, nosso ponto de vista, nossos erros e incoerências. Vamos defender o quão corretos e com sentido são nossos sentimentos de raiva, ciúme e orgulho.
Defenderemos tudo isto chamando raiva de indignação por uma injustiça, mas cometendo também nossas infrações. Chamando ciúme de amor, sem reconhecer a possessividade. Chamando orgulho de amor próprio, sem reconhecer as inseguranças interiores. No fundo, estamos defendendo uma fera bestial.
Todavia, está fera pode ser transcendida e passar a trabalhar em favor do crescimento espiritual. Não é fácil, mas nosso instinto interior sabe reconhecer a nobreza da Alma. E essa é a única força a qual esse instinto irá se curvar, permitindo ser um servidor. Ao se curvar, e isso não é uma ação fácil para o ego, ele poderá se “permitir” transformar a si mesmo, em prol de um propósito maior. Um propósito maior do que seus desejos egoístas e relação a sua vida.
Mas isso, normalmente, não acontece assim de forma tão pacífica. Inúmeros mitos falam da luta do cavaleiro com o dragão, apontam para um dragão como a imagem da fera sábia ou assassina. Um é transcendido e ligado à Alma, o outro é obscurecido pela raiva e pelos desejos mais instintivos, relacionado com o mal, uma espécie de força diabólica, mas é apenas o próprio ego.
Dizia-se que os dragões iluminados, assim como os leões no Antigo Egito, podiam ver a intenção e o coração daquele que se aproximava deles. Reconheciam a Alma e a serviam como uma hierarquia acima ou como uma igual.
Minha mestra uma vez me disse que a verdadeira força está na cor da aura, não tem a ver com imposição, grito ou força física. Ela se assemelha a luz que se mostra sem subterfúgios, desnudando intenções. Quando é assim, é como ver a luz dessa Alma, e de um ego que já se curvou à beleza e nobreza dessa força.
A cena da imagem é da série Game of Thrones. Uma série de televisão norte-americana criada por David Benioff e D. B. Weiss, e baseada na série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo (A Song of Ice and Fire), de George R. R. Martin. Na imagem que ilustra o post o personagem Jon Snow, herói da trama, tem sua nobreza reconhecida pelo dragão.
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